Foram cerca de 20 produtos brasileiros levados a uma das maiores feiras de alimentos e bebidas do mundo, a SIAL, em Toronto.
Os sabores exóticos e diferenciados da Amazônia, como açaí, cupuaçu e a costelinha de tambaqui marcaram presença, assim como outros produtos tipicamente brasileiros em sua versão premium: pão de queijo, coxinha, paçoca, castanha de caju, palmito pupunha, mel, pipoca, entre outros. Se a lista já está dando fome, maior ainda foi o apetite por fazer novos contatos e expandir as relações comerciais entre brasileiros e canadenses.
Os dois países têm perfis e objetivos complementares. O Brasil é uma potência mundial em tecnologia de agroindústria. O maior produtor de itens como soja, algodão, milho e proteína animal. Seu setor de alimentos é reconhecido internacionalmente como marca forte, tanto em qualidade quanto diversidade.
O Canadá por sua vez deseja reduzir ano a ano a dependência comercial dos EUA, além de ser extremamente aberto a novidades.
“O empresário brasileiro do setor de alimentos costuma buscar o mercado externo apenas quando o interno está insatisfatório. Ao notar que o cenário se recupera, ele esquece as exportações. Precisamos mudar, pois essa é uma das principais reclamações dos canadenses”, apontou Luis Ramos, diretor executivo da Dacolor, representante de marcas nacionais no exterior, que marcou presença na SIAL.
E se depender do trabalho da CCBC o país segue no caminho para isso, podendo diversificar ainda mais os canais para a oferta de seus produtos.
“A equipe da Câmara esteve sempre atenta para gerar negócios. Não me deixavam ficar parada. Quando viam que eu tinha um tempo livre no evento, agendavam reuniões extras com possíveis clientes para que eu aproveitasse as oportunidades ao máximo”, disse Anna Bastos, sócia da B21 Importação e Exportação, outra empresa participante da missão.
A missão comercial da CCBC contou com participação não só na feira SIAL Toronto mas também na CHFA Montreal, voltada para produtos orgânicos e naturais.
Um dos pontos altos da programação foram os dois jantares preparados para compradores canadenses em Toronto e Montreal. Os menus foram desenvolvidos pela Chef Mariana Valentini utilizando os produtos promovidos pelos participantes brasileiros.
Além disso, foram realizadas uma média de 14 reuniões por empresa além de 5 visitas técnicas a varejos e distribuidores de alimentos nas duas cidades. Ao lado da Dacolor e da B21, integraram a missão da CCBC a Isis Mel, a São Cassiano Pupunha e a GC5 Trading, especializada em viabilizar operações de comércio exterior personalizadas.
Saiba mais sobre a experiência da SIAL na visão de quem marcou presença
ISIS: No Canadá, muitas vezes o preço fica em segundo plano
Líder na indústria de mel e derivados brasileira, com mais de 30 anos de atuação. Fornecedora de empresas como Kellogg’s, Mondelez International e Pepsi. Exporta para América do Norte, Europa e Ásia, conhecida nos EUA como AlphaBee.
“O Canadá é um mercado onde muitas vezes o preço fica em segundo plano. Em primeiro lugar, as empresas estão atentas a produtos que respeitem a ética, a sustentabilidade, questões sociais, que usem recursos renováveis e sejam livres de emissão de carbono. No Brasil, em geral essa preocupação é de nichos específicos”.
“Um dos diferenciais da CCBC foi a infraestrutura. Tínhamos uma sala especial com espaço para conversar e negociar com possíveis parceiros, além de armazenar amostras e guardar material de comunicação”.
“Uma das vantagens do Brasil é a disponibilidade de áreas extensas para a produção de mel orgânico, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Um dos pré-requisitos para o mel ganhar o certificado de orgânico é o apiário estar distante alguns quilômetros de qualquer área onde se faça uso de agrotóxicos na agricultura”.
Depoimento de Piero de Sá, diretor de mercados internos da Isis
SÃO CASSIANO: 50 quilos de palmito para o público experimentar
Pupunha cultivada na centenária Fazenda São Cassiano, em Jaú (SP), desde os anos 1980. Empresa pioneira no cultivo de pupunha gourmet no estado, sem conservantes. Comercializa o produto pré-cozido nos formatos coração, barca, carpaccio e spaghetti.
“São pessoas da Espanha, Alemanha, Índia, diversos países. É muito interessante entender as diferenças, ver como se apresentam os produtos em todos esses lugares”.
“Participei de reuniões, rodadas de negócio. Os jantares promovidos pela CCBC na Semana Brasileira de Gastronomia foram decisivos para os canadenses conhecerem melhor os produtos. Enviei 50 quilos de palmito para o público experimentar”.
“O palmito que predomina no Canadá tem origem no Equador e é rico em sódio e estabilizadores, com baixa aceitação pelos canadenses. Meu produto é diferente, passa por um processo chamado pasteurização, sem sódio nem aditivos. Isso garante um palmito fresco e saboroso, com o apelo saudável tão importante para o mercado local”.
“Os canadenses são exigentes na qualidade e no comprometimento com o projeto de exportação a longo prazo. Fechei com uma empresa a importação e a representação da marca lá”.
Depoimento de Fernando Oliveira, CEO da São Cassianho Pupunha
B21: Essa visão mais saudável atrai o canadense
Especializada em produtos brasileiros premium. Opera em projetos de comércio exterior, no desenvolvimento de parcerias comerciais e logísticas, e na construção de relações comerciais internacionais nos mais diversos segmentos.
“Um dos maiores diferenciais foi a organização e o suporte da CCBC à missão. A equipe da Câmara é focada em ajudar a fazer negócios. Recebemos auxílio para mapear os concorrentes no Canadá, conhecer possíveis parceiros, estar atento à legislação”.
“O Canadá tem grande necessidade de importar alimentos, o público tem alto poder aquisitivo e, com o dólar canadense mais valorizado que o real, nosso produto ganha competitividade”.
“Temos chocolate vegano, cacau orgânico, pipoca e paçoca sem conservantes. Essa visão mais saudável atrai o canadense. Já tivemos pedidos de paçoca e agora estamos adequando as embalagens para o mercado local”.
Depoimento de Anna Bastos, sócia da B21 Importação e Exportação
DACOLOR: Diversos negócios surgiram e estão surgindo da rede criada na missão
Com mais de 20 anos de mercado e escritórios nos EUA, Canadá e China. Representa marcas de segmentos diversos, como alimentos e bebidas, farmacêuticos e construção. Atua em vendas, trade marketing, consultoria, planos de negócios, entre outros.
“Em 24 horas nossos produtos saíram de Guarulhos e estavam liberados pela alfândega canadense. A atuação da CCBC foi essencial para o sucesso da logística de envio das amostras, que por serem alimentos são sensíveis e exigem muitos cuidados”.
“Diversos negócios surgiram e estão surgindo dessa rede criada na missão. Em função dos resultados na SIAL, duas empresas estão em contato com a gente para representação no Canadá”.
“A partir do Canadá, surgiram oportunidades no mercado americano, já que vários distribuidores que atuam no mercado canadense têm base nos EUA”.
“O setor de alimentação impulsiona também o mercado de cosméticos, com matérias-primas da Mata Atlântica e da Amazônia, como o Açaí, dotado de diversos benefícios”.
“Por indicação da CCBC nos inscrevemos no estande corporativo do Ministério da Agricultura, o que facilitou os contatos, o projeto de exposição dos produtos e a degustação. Sem isso não teria como promover a degustação no evento”.
Depoimento de Luis Ramos, Diretor Executivo da Dacolor