Evento virtual promovido pela CCBC traz relato da delegação quebequense que participou da conferência
A gravidade do processo de emergência climática voltou a ser enfatizada no final do ano passado, com a realização da 26ª Conferência das Partes da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) – a COP-26. Na ocasião, os 200 países participantes assinaram um acordo para tentar garantir o cumprimento da meta de se limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (conforme estabelecido no Acordo de Paris, em 2015), reduzindo-se as emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030, na comparação com os níveis de 2010.
Atenta à importância da questão, a Comissão de Meio Ambiente Natural e Urbano da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) promoveu, em dezembro de 2021, um webinar no qual reuniu representantes do Governo do Québec e de empresas quebequensespara relatarem sua participação durante a 26ª Conferência – a COP-26.
O evento foi iniciado pela apresentação do assessor para Assuntos Econômicos do Escritório do Québec em São Paulo, Luis Antonini, que explicou aos participantes o papel de destaque que o Québec ocupa no que se refere ao fomento à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias limpas – como aquelas relacionadas a fontes renováveis de energia, por exemplo.
A seguir, a assessora-sênior do Ministério do Meio Ambiente e da Luta contra as Mudanças Climáticas do Québec, Michèle Fournier, deteve-se mais detalhadamente nas etapas para a implementação do Acordo de Paris – e ao qual a região está legalmente vinculada desde 2016. Ela explicou a importância da COP-26 e a participação paralela de governos subnacionais, organizações não-governamentais e empresas – e a contribuição quebequense para essas discussões. “Temos muito a compartilhar em termos de expertise e práticas. Um exemplo disso é nosso Plano para uma Economia Verde 2030”, afirmou. Este plano, lançado pelo governo do Québec no final de 2020, envolve a eletrificação da economia local e a substituição das fontes de energia fósseis pelas renováveis, além de outros objetivos ambientais. A meta é reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa na província em 37,5% abaixo dos níveis de 1990 até o final da década.
Como resultado, cinco compromissos foram anunciados pelo Québec durante a conferência: o fim da exploração de combustíveis fósseis; investimentos de US$ 5 bilhões em ônibus elétricos; contribuição de US$ 10 milhões para o Fundo de Adaptação da ONU; utilização de uma frota de veículos públicos 100% limpa entre 2035 e 2040; e apoio para as iniciativas de redução de gases causadores do efeito estufa em dois setores econômicos do Québec. A província também se tornou um dos integrantes fundadores do grupo Beyond Oil and Gas Alliance (Boga), que reúne governos comprometidos com a eliminação gradual da produção de combustíveis fósseis e o fim de novas rodadas de licenciamento para a produção de petróleo e gás.
Fournier lembrou ainda que a delegação do Québec reuniu uma série de autoridades governamentais, além de mais de 20 empresas e associações setoriais, além de representantes de trabalhadores, povos originários e jovens, entre outros.
A perspectiva empresarial
As experiências dos dois representantes empresariais da delegação do Québec também foram compartilhadas com os participantes do webinar. O CEO da Viridis Terra, Martin Beaudoin Nadeau, apresentou a solução desenvolvida por sua empesa para a restauração de terras degradadas por meio da biotecnologia – recuperando assim ecossistemas que tenham sido fortemente impactados por atividades industriais ou extrativas.
Já o chief energy transition officer da BrainBox AI, Nicolas Bossé, abordou o trabalho que a empresa vem desenvolvendo para a descarbonização de edifícios, por meio de retrofits que possibilitem a otimização do uso de energia a partir de soluções de inteligência artificial. Sediada em Montreal, a startup já atua em diversas partes do mundo – incluindo o Brasil.