País foi destaque nos debates sobre oportunidades de negócios e investimentos em um dos mais importantes eventos de mineração do mundo
Por Sérgio Siscaro
A delegação oficial do Brasil, com mais de 100 integrantes, entre empreendedores, especialistas, investidores e autoridades do setor público e privado, liderou algumas das mais concorridas discussões sobre as perspectivas do setor de mineração durante a 88ª edição do Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC). A feira, reconhecida por estar entre as mais relevantes do cenário global de mineração, aconteceu entre os dias 1º e 4 de março em Toronto (Ontário), cidade que abriga também o maior centro de captação de recursos para a atividade no mundo, com a bolsa de valores Toronto Stock Exchange (TSX).
O segundo dia do evento abrigou o Brazilian Mining Day, uma programação completa de seminários e apresentações do setor mineral no País para a comunidade internacional. Na pauta, a parceria da ANM com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), políticas públicas para a segurança e o desenvolvimento da atividade, questões regulatórias, o novo panorama brasileiro e as mil áreas que serão colocadas em disponibilidade no território do Brasil.
“Com relação ao comércio exterior, conseguimos em 2019 representar no setor mineral 20,8% das exportações brasileiras, com superávit de US$ 21,9 bilhões. Nossa meta é superar esses números em 2020”, afirmou o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal, durante o evento.
O Brasil também foi protagonista no mercado de capitais. Representantes da comitiva do País foram convidados para fazer a abertura oficial do pregão da bolsa de valores de Toronto. Na mesma ocasião, houve a assinatura de um memorando de entendimentos entre o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a TSX e a TSX Venture Exchange, com o intuito de aumentar o investimento na mineração brasileira.
A programação do dia ainda incluiu o lançamento do Plano de Ação Women in Mining Brazil, que contou com a participação da cônsul-geral do Canadá no Rio de Janeiro, Evelyne Coulumbe. Na ocasião, a Largo Resources e a Nexa Resources assinaram a adesão ao Plano, que visa contribuir para o avanço das mulheres no setor de mineração.
Ação coordenada
A comitiva brasileira, que ocupou um pavilhão no 88ª PDAC, foi organizada pela primeira vez por um esforço conjunto do Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Mineração (ANM), Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb), Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e Câmara de Comércio Brasil Canadá (CCBC), entre outros organismos. “Dessa forma, foi possível ter uma ação mais coesa do que em outros anos, mostrando a empresários e investidores de vários países o potencial do Brasil como destino de investimentos na área de mineração”, disse o consultor para o Desenvolvimento de Negócios da CCBC, Armínio Calonga Jr.
Além das atividades da agenda conjunta, os participantes da comitiva levados pela CCBC, como a Usiminas e os escritórios de advocacia Tozzini Freire Advogados e Willian Freire Advogados, entre outros, tiveram uma agenda complementar exclusiva. Foi estabelecida, por exemplo, uma programação específica de encontros de negócios para a Usiminas, permitindo aos seus representantes estreitar os relacionamentos com executivos e investidores do exterior, com apresentação dos projetos da companhia.
Já os escritórios de advocacia puderam falar das especificidades da legislação brasileira e da segurança jurídica no País para potenciais investidores estrangeiros, em um evento conjunto com o Miller Thomson, escritório de direito no Canadá e também associado à CCBC. “Foi uma oportunidade de apresentar as potencialidades para investimentos no Brasil a um público mais seleto”, afirmou Calonga Jr.
Mais de 23 mil pessoas, de 130 países, visitaram o PDAC neste ano. O evento foi estruturado em três segmentos principais: a feira propriamente dita; uma programação de treinamentos, cursos, palestras e fóruns; e a exposição de projetos em busca de financiamento. As discussões da edição 2020 ainda incluíram os planos do governo canadense para estimular o uso de veículos elétricos no setor de mineração e a recente onda de fusões e aquisições no segmento de ouro.