Mercado promissor de vinhos e destilados no Canadá abre espaço para bebidas brasileiras

Produção artesanal ou uso de ingredientes incomuns são atrativos para os canadenses

Por Silvia Pimentel

O aumento do consumo de vinhos e destilados pelos canadenses e a expansão das importações para atender a demanda interna abrem oportunidades de negócios para o Brasil. As vendas de vinho tinto, por exemplo, alcançaram 4,28 bilhões de dólares canadenses em 2022. Há uma tendência de crescimento nesses números em decorrência da queda do volume de vendas da cerveja, cujo consumo no país norte-americano vem caindo 10% desde 2010.

O espaço deixado pela bebida mais popular no Brasil – que representa 35% do total do mercado de bebidas alcoólicas no Canadá – também impulsiona as vendas de destilados e bebidas Ready To Drink (RDT). Estas ocupam, respectivamente, 26% e 8% do mercado atualmente e, desde 2010, vem crescendo a uma taxa de 11% e 175%.

Vinhos

Em 2022, o consumo per capita de vinhos em geral pelos canadenses chegou a 15,8 litros. Cerca de 46% das vendas são de tinto, que ganha cada vez mais popularidade no País. Mais consumido no verão, o vinho branco domina 38% do mercado e os espumantes respondem por 16% das vendas. Em relação às importações, entre 2021 e 2022 houve um aumento de 4,49% nas compras do produto brasileiro.

De acordo com a agência nacional de estatísticas do Canadá – StatCan, a “premiumização” é um dos fatores mais importantes que impulsionam o mercado de bebidas alcoólicas no país. Algumas das estratégias apontadas pela agência para ganhar espaço no mercado canadense incluem oferecer produtos com preços mais competitivos para as marcas premium ou visar consumidores com maior poder aquisitivo com bebidas mais caras, enfatizando a produção artesanal ou uso de ingredientes incomuns.  

Neste contexto, a cachaça brasileira também oferece boas oportunidades de negócios. A bebida já reconhecida internacionalmente por sua qualidade é exportada para mais de 70 países, segundo o Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça). Na lista dos principais países de destino, em 2023, estão Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Itália.  Neste contexto, o Canadá surge como um mercado estratégico e promissor para a cachaça brasileira. Tendo um mercado que valoriza produtos artesanais de alta qualidade, o país oferece condições ideais para impulsionar as exportações da bebida. Além disso, o Canadá pode se posicionar como uma importante porta de entrada para o mercado norte-americano, abrindo novas oportunidades de negócios tanto no país quanto nos Estados Unidos.

Províncias que mais importam

A demanda por bebidas alcoólicas no Canadá é impulsionada principalmente pelo consumo frequente de álcool nas cidades metropolitanas, sobretudo nas províncias de Quebec, Alberta, Saskatchewan e Ontário, que representam uma grande população de expatriados residentes no país.

Em relação aos destilados, há uma variedade de produtos populares como whisky, vodka, rum, gin, entre outros. Não sem razão, para atender a demanda interna, o país é um grande importador desta categoria de produtos, ocupando, em 2023, a 9° posição de um ranking mundial, atrás dos Estados Unidos, China, Singapura, Alemanha, França, Reino Unido, Países Baixos e Espanha. Os produtos importados pelo país são consumidos diretamente ou usados pela indústria de bebidas para misturas e engarrafamentos.

A província canadense que mais importa destilados é Ontario, que responde por 44,35% do total das importações, atingindo mais de US$ 520 milhões de dólares em 2022. Em seguida, aparecem Alberta, com 24,64% do mercado, British Columbia (13,86%) e Quebec (12,44%). Os 10 principais fornecedores em 2022 foram Estados Unidos, França, México, Irlanda, Itália, Suécia, China, Nova Zelândia e Alemanha.

Mercado de destilados

O mercado mundial de destilados apresenta números bem robustos. Em 2021, por exemplo, movimentou cerca de US$ 340 bilhões com uma ampla variedade de bebidas, como whisky, vodka, rum, gin, entre outros.

Além de importador, o Canadá figura como um importante produtor, tendo o whisky como carro-chefe, rum, vodca, gim, licores, refrigerantes e álcool etílico básico.

Em escala menor na comparação com grandes mercados como os Estados Unidos e outros países europeus, o mercado brasileiro de destilados, em 2019, foi estimado em US$ 4 bilhões.

Diferenças e pontos em comum

A diversidade no consumo de bebidas alcoólicas reflete as preferências locais, a disponibilidade de produtos e os hábitos culturais, tanto no Canadá quanto no Brasil. No Canadá, o whisky, com suas variedades e marcas reconhecidas mundialmente, ocupa um papel de destaque, sendo amplamente produzido e apreciado. Já no Brasil, é a cachaça que reina, sustentando uma rica tradição de consumo e identidade cultural.Também há diferenças nas políticas de controle de álcool. No Brasil, as regras são mais permissivas em relação a outros países e variam de acordo com o Estado onde são consumidas as bebidas. Já no Canadá, as regulamentações sobre venda, distribuição e publicidade de bebidas alcoólicas são mais rigorosas. Além disso, o governo canadense investe mais em iniciativas para prevenir o consumo excessivo e em campanhas de conscientização sobre os riscos à saúde.  A Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) oferece suporte especializado para empresas que desejam expandir seus negócios entre os dois países. Com uma equipe dedicada e missões empresariais organizadas para o Canadá, a CCBC facilita o acesso direto ao mercado canadense. Durante uma semana, empresários brasileiros exploram diversas províncias, participam de visitas técnicas a pontos de venda, têm reuniões com potenciais compradores e apresentam seus produtos em eventos de degustação exclusivos. Essa imersão proporciona insights valiosos e oportunidades concretas de negócios. Acompanhe aqui o calendário de missões da CCBC.