CCBC firma parceria com aliança global de acreditação em saúde
Por Sérgio Siscaro
A Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) anunciou em 9 de novembro sua parceria com a entidade acreditadora em saúde IQG. Isto possibilitará a aproximação dos ecossistemas de inovação em saúde do Brasil e do Canadá, por meio de eventos e encontros nas quais serão apresentadas novas tecnologias e estabelecidas parcerias entre empresas e instituições dos dois países.
O primeiro passo prático dessa iniciativa é uma missão para o Canadá, planejada para maio de 2022; outro é a realização de iniciativas de networking entre brasileiros e canadenses nos meses de março, setembro e novembro do ano que vem.
Durante a apresentação da iniciativa, o CEO do IQG, Rubens Covello, falou da parceria e de sua nova razão social – que agora é Qmentum Global Alliance. “A disseminação da pandemia da Covid-19 fez com que as relações entre os sistemas público e privado [de saúde] se amarrassem de maneira mais profissional. Mas há muito o que fazer ainda. Esta foi uma das coisas que me fez trazer a Accreditation Canada ao Brasil: a gestão de acesso à saúde pública”, afirmou.
Ele disse que a criação de uma aliança global para implementar padrões unificados de saúde com foco no paciente é a missão dessa parceria. “O modelo de acreditação do Canadá foi desenhado em 1955. Tem muita maturidade. Suas características incluem indicadores de desempenho e desfecho, trabalha a questão da governança, além de envolvimento da alta direção no processo. Essa metodologia busca otimizar a utilização de recursos humanos – na pandemia tivemos vários problemas relacionados à gestão de pessoas –, financeiros e tecnológicos, na busca de maior eficiência e efetividade no atendimento.”
Ecossistema favorável
A experiência do Canadá em aplicar soluções inovadoras à área de saúde foi apresentada por Anita Baidwan, vice-cônsul e trade commissioner no Consulado Geral do Canadá em São Paulo, e por Izabela Duarte, trade commissioner no Escritório Comercial do Governo do Canadá em Recife. “A inovação tem sido o grande denominador comum para a qualidade dos serviços prestados, por meio da incorporação de novas tecnologias disruptivas no setor”, afirmou Baidwan.
Duarte explicou aos participantes a abrangência dos setores e atividades que atuam na melhoria dos cuidados de saúde no Canadá. Eles incluem a indústria farmacêutica e de biotecnologia; o segmento de medtech; a saúde digital; os produtos naturais para a saúde; e healthcare services. Em cada uma dessas áreas, os altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento garantem a inovação: em 2018, por exemplo, o setor farmacêutico teria dispendido CAN$ 186 bilhões em P&D, enquanto o segmento de medtech investiu CAN$ 49 bilhões no mesmo ano.
A inovação no setor de saúde no Canadá se baseia, de acordo com Duarte, em quatro pilares: a existência de uma base de talentos qualificados, com grande proporção de formados em educação superior na população; grande atividade científica, que dá ao país um décimo das publicações mais citadas em publicações especializadas dentre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); presença de clusters tecnológicos, que é beneficiada pela posição estratégica do mercado canadense em relação a outros países; e a estabilidade econômica do país. “Vale ressaltar que as diferentes províncias também desenvolvem vocações específicas”, complementou.
A seguir, a diretora para Assuntos Econômicos do Escritório de Quebec em São Paulo, Thais Aun, enfocou a expertise desenvolvida na província – e o papel do governo em incentivar o desenvolvimento do setor. “É a província que mais investe em P&D, em termos de participação de seu Produto Interno Bruto (PIB). E é líder mundial em segmentos como inteligência artificial e deep learning”, afirmou, salientando que o ecossistema das chamadas ciências da vida é reforçado pela existência de atividades de pesquisa em instituições locais de ensino superior.
A província de Quebec desenvolveu um plano estratégico para conduzir o desenvolvimento do setor entre 2017 e 2027, e que tem por objetivo posicionar a província “entre os cinco clusters mais importantes da América do Norte no setor de ciências da vida”. Ao ser estabelecido, o plano previa a alocação de CAN$ 205 milhões nos seus primeiros cinco anos, e uma dotação orçamentária adicional de CAN$ 151 milhões.