Ecossistema e vantagens do país para o desenvolvimento de novos negócios foram destaque durante o festival phygital Innovation Weekend
Por Estela Cangerana
O Canadá se consolidou nas últimas décadas como uma das principais plataformas de lançamento de negócios globais. Infraestrutura de primeiro mundo, tecnologia de ponta, mão de obra qualificada, acesso a financiamentos e acordos de abertura comercial com centenas de países são alguns dos fatores que levam milhares de empreendedores todos os anos a apostar em ideias inovadoras a partir de lá. Esses e outros motivos também chamaram a atenção do público que participou, no final de setembro, do Innovation Weekend, festival brasileiro de inovação e negócios que teve o Canadá como uma de suas grandes atrações.
Foram três palestras seguidas na tarde do sábado, 26/09, primeiro dia do evento, que abordaram as oportunidades que o Canadá oferece. Elas trataram de questões como a composição dos ecossistemas canadenses, inovação, economia criativa e empreendedorismo no país. Para falar sobre esses temas, foram convidados representantes do governo, empresários que já trilharam o caminho de internacionalização via Canadá e especialistas em imigração, aceleração e desenvolvimento de startups internacionais.
O setor da economia criativa, por exemplo, é um importante negócio no país, movimentando cerca de CAD$ 55 bilhões ao ano e respondendo por aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) canadense. Só no segmento de games são mais de 470 empresas em atividade, com novos empreendimentos surgindo a cada dia. Muitas delas são atraídas para a região de Quebec que, ao lado de Ontario e Colúmbia Britânica formam os três clusters criativos do país.
Além de games, atividades ligadas à produção cinematográfica, realidade virtual, design gráfico e tecnologias para entretenimento também encontram um ambiente bastante promissor e estruturado para toda a cadeia, conforme explicou a diretora para Assuntos Econômicos do Escritório do Governo do Quebec em São Paulo, Thais Aun. Ela apresentou as possibilidades e a estrutura da província em um painel ao lado do empresário Ed Morais, sócio-fundador a agência de turismo Bem Experiences e da Plugin City.
Na cidade de Montreal, por exemplo, está localizado ainda um dos principais hubs de pesquisa e desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) do mundo. E os empreendedores interessados em lançar seus negócios a partir de lá contam com centros de inovação, colaboração e aceleração como o District 3 (D3), que já impactou mais de 600 startups e possui uma comunidade com 12 mil membros. A aceleradora mantém inscrições para seleção abertas o ano todo e oferece programas específicos como o Biohub.
“No Canadá, quando startups nascem, elas já têm a mentalidade internacional, porque estamos falando de um país rico, mas pequeno, é preciso internacionalizar”, comentou a head global de parcerias do D3, Gisleine Silveira.
Ao lado dela, o fundador e CEO da Ideality, Luis Otavio Barrionuevo, consultor de negócios, mentor e coach, apresentou as muitas oportunidades do corredor Toronto-Waterloo. No percurso de pouco mais de 100 quilômetros estão 16 universidades e colleges, vivem cerca de 6 milhões de pessoas, que falam 150 línguas diferentes. Os dados dão uma ideia da alta diversidade da região, que é a que mais cresce em números de performance de startups e se estabeleceu como o 2º maior polo do setor da América do Norte.
Para não errar
Para ter sucesso no desenvolvimento de um novo negócio ou internacionalizar uma startup já existente a partir do Canadá, porém, um bom começo pode ser ouvir as dicas de quem já trilhou esse caminho antes. A experiência de empreender no país foi também um dos temas concorridos da programação do Innovation Weekend, com o painel em que participou o fundador e CEO do aplicativo Filho Sem Fila (Quick Pickup), Leo Gmeiner, e o advogado especializado em imigração Marc-André Séguin, sócio da Exeo Advogados, com mediação da fundadora e CEO da venture building Dream2B, Regina Noppe.
Noppe, que já ajudou a levar mais de 40 empresas para o Canadá, destacou a importância de contar com um parceiro certo desde o início do projeto. “Mesmo que seu negócio seja bem sucedido no Brasil é preciso fazer a sua lição de casa direito. Há muitas maneiras de explorar o Canadá e um parceiro experiente no país economiza muito o trabalho de descobrir qual delas é a ideal para o seu caso”, disse.
“É preciso entender como as coisas funcionam, porque em qualquer país que você vá é necessário se adaptar permanentemente. Há empresas e instituições que podem te dar esse suporte. A CCBC me ajudou muito, inclusive na busca por prospects e clientes”, completou Gmeiner.
Os programas de imigração canadenses, por exemplo, oferecem mais de 80 possibilidades. O conhecido Startup Visa, para empreendedores, é um deles, conforme ressaltou Séguin.
O Innovation Weekend foi organizado pela Associação Riograndense de Propaganda (ARP), com curadoria do Innovation Center, e apoio da CCBC. Em 2020, o festival aconteceu pela primeira vez em formato phygital (físico e digital), por meio de uma plataforma virtual, reuniu mais de 3 mil pessoas para refletir sobre o tema “Tomorrow – O amanhã é agora”.