Incorporação de Inteligência Artificial pode agilizar a análise de exames médicos e tornar os hospitais mais eficazes
Por Sérgio Siscaro
A rapidez no diagnóstico de doenças é uma condição essencial para a eficácia do tratamento. No Brasil, contudo, muitas vezes a análise de exames leva tempo, adiando o processo e prejudicando as chances de recuperação do paciente. Uma solução tecnológica para esse problema foi apresentada em setembro, durante o evento Novas tecnologias e projetos de design para otimizar as atividades hospitalares, promovido pela Comissão de Inovação em Saúde da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC). Trata-se da análise de radiografias por meio da utilização de Inteligência Artificial (AI), desenvolvida pela empresa Data Life, divisão de saúde da Data H, e presente tanto no Brasil quanto no Canadá.
“Atualmente, o foco de nossa atuação é aprimorar o diagnóstico por imagens. A ideia não é substituir os médicos, mas tornar seu trabalho mais eficiente”, afirmou na ocasião o CTO da Data H, Celso Azevedo. Ele contou a experiência da empresa em 2017, quando ela ficou em terceiro lugar em um estudo promovido para a Radiological Society of North America (RSNA), cuja meta era determinar com precisão a idade óssea de crianças com base na análise de radiografias do Children’s Hospital Colorado e do Lucile Packard Children’s Hospital. No ano seguinte, o algoritmo desenvolvido pela Datalife obteve um índice de 91% na detecção de sinais de pneumonia em um universo de 864 imagens cedidas pelo Grupo Fleury.
Segundo Azevedo, a empesa desenvolve agora métodos para a detecção de casos de tuberculose (com base em imagens fornecidas pelo Shenzhen Hospital e pelo Montgomery County) e endometriose (a partir de material do Hospital Beneficência Portuguesa). Ele conta que as soluções são sempre desenvolvidas em parceria com as instituições de saúde que fornecem as imagens, bem como com suas equipes médicas, e a propriedade intelectual da solução é compartilhada. Outro projeto envolve a análise de casos de câncer de mama, em parceria com o Hospital do Amor de Barretos. “Nesse caso, o foco é auxiliar na triagem das imagens, a fim de encaminhar os casos o mais rapidamente possível para tratamento”, afirma.
Também participou do evento o CEO do IBI Group, Scott Stewart. Ele abordou o desenvolvimento de instalações de saúde construídas de forma mais inteligente (alinhadas ao conceito de smart cities), com uso intensivo de soluções tecnológicas que tornam os hospitais mais integrados e descentralizados. Segundo ele, esse modelo permite não só melhorar a eficácia das unidades de saúde – otimizando a utilização de energia e de seus equipamentos, por exemplo – mas também dá condições para os pacientes atuarem de forma mais ativa no gerenciamento de sua própria saúde.