Esta é a era do Business to ESG

Por Christie Bechara* e Paulo Perrotti**

É sabido que muitas empresas promovem a sustentabilidade em seus modelos de negócio, e estas reconhecem o valor agregado do investimento que é dedicado às boas práticas de Sustentabilidade Ambiental, Responsabilidade Social e Governança Corporativa, cujo conceito é comumente conhecido como ESG (Environment, Social and Governance).

Porém, os resultados destes investimentos em ESG não ocorrem do dia para a noite. É preciso atingir um nível de maturidade para saber mensurar o retorno sobre investimento (ROI) e, para tanto, é requerida muita dedicação e disciplina das equipes técnicas, do engajamento das lideranças e do preparo de toda a cadeia de valor para apoiar e traçar a melhor jornada ESG e os passos que todos terão que percorrer nos anos seguintes, visando a sustentabilidade.

Ademais, é recomendável atentar que uma gestão de negócios direcionada a resultados de ESG se faz com uma estratégia aderente e integrada ao core business. Para tanto, é preciso realizar diagnósticos de impactos, riscos e oportunidades, identificar os temas materiais para, posteriormente, estruturar programas, projetos e ações, com o objetivo de conseguir obter resultados concretos e tangíveis.

E, para que isso aconteça de modo viável, exequível e mensurável, é preciso o apoio de profissionais especializados, designando-se uma equipe técnica com capacidade e competência em gerir os temas da agenda ESG a ser tratada. Essa equipe também será a responsável por diagnosticar e apontar as questões de ESG de outras áreas e competências, compilando-se indicadores com o objetivo de reportar as informações de ESG de modo estratégico, focado aos negócios.

Porém, o que se depara em muitas empresas é o fator da “pressão por resultados ESG”. Principalmente naquelas que possuem investidores, internacionais ou não, e empresas que são fornecedoras de produtos ou serviços de multinacionais.

De fato, empresas que possuem negócios de alto impacto ao ambiente natural e às relações humanas e/ou que já estão classificadas como elos estratégicos de uma cadeia de valor de regeneração,  recebem maior cobrança e pressão considerável para reportar seus indicadores e índices ESG, enfatizando suas iniciativas para descarbonização e atendimento à diversidade, equidade, inclusão, além da governança corporativa que inclui assuntos diversos relacionados ao tema, tais como voluntariado, inovação, proteção de dados e cibersegurança. Afinal, minimizar os potenciais riscos em sua cadeia de valor é o que todo e qualquer grande cliente mais deseja neste momento.

Entretanto, não adianta atentar apenas a uma árvore quando é preciso cuidar de uma floresta. O que quero dizer é que são muitos temas de ESG e muitos fornecedores com negócios que precisam dar o “ponta pé” inicial na jornada ESG. São tantas empresas que ainda não entendem o valor agregado e retorno financeiro deste modelo de negócio e que acham sustentabilidade um negócio caro e muito longe da realidade da sua empresa. Só que esses entendimentos são completamente equivocados!

Aquele que não começou a tratar de sua sustentabilidade nos negócios ainda nesta década, já está correndo sérios riscos de perder clientes e mercados nos próximos anos.

A Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), promovem ESG para uma compreensão em escala global, ou seja, é um convite que em 2015 chegou a todos as organizações e de todos os países, trazendo informações e orientações de como pactuar compromissos com a sustentabilidade e a comunidade, conforme o alcance e a capacidade de seus negócios. Além da ONU, outras organizações internacionais, especialmente organizações do setor de finanças, formalizaram e atualizaram normas que visam aferir os objetivos e as métricas de ESG, bem como determinar e analisar indicadores com base em dados da devida diligência socioambiental.

Logo, de uma forma ou de outra, por atendimento às normas ou às exigências de um mercado cada vez mais rigoroso, as empresas terão que trabalhar com ESG em seus negócios.

Neste sentido, sua empresa já diagnosticou e possui estratégia ou promove práticas de ESG?

Sua empresa dispõe de uma equipe de profissionais de sustentabilidade qualificados e dedicados a tratar dos temas ambientais, sociais e de governança corporativa, a ponto de contabilizar, monetizar e demonstrar resultados lucrativos e perenes para seus sócios, investidores e demais stakeholders?

Sua empresa está atenta aos riscos de ESG na sua cadeia de suprimento (supply chain)?

Sua empresa já está preparada para relatar e publicar as práticas de ESG que promove?

Pois é. Aplicar ESG nos negócios requer parcimônia devido às muitas etapas e processos que demandam principalmente controle e disciplina, mas trazem muita lucratividade também. Por isso, este é o momento de começar e envolver sua cadeia de suprimento nesta transição de business as usual para business to ESG.

*Christie Bechara, desde 2003, atua com sustentabilidade empresarial, é docente, palestrante e CEO & Founder da Cia Sustentável, assessoria empresarial em sustentabilidade, idealizadora do modelo de negócio “B2ESG by Cia Sustentável, dedicado a tratar de ESG” na gestão de fornecedores e ofertar assessoria de ESG no modelo de terceirização as empresas da cadeia de abastecimento.

*Paulo Perrotti é CEO da ESG Solution, Membro de Honra da Associação Nacional dos Profissionais de Proteção de Dados (APDADOS), professor de Cibersegurança Ofensiva com Certificação (CEH) pela ACADI-TI, auditor líder Certificado ISO 27001, tem especialização em Direito Canadense e de Québec pela Université de Québec à Montreal – UQÀM, possuindo MBA pela FGV/SP e Responsabilidade Social pela ESPM/SP e membro da Comissão Especial de Relações Internacionais e da Comissão de Privacidade e Proteção de Dados da OAB/SP.