Mudanças estruturais na economia tornam o Brasil ainda mais atraente para empresas e investidores internacionais
Por Sérgio Siscaro e Estela Cangerana
Uma das dez maiores economias do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 6,8 trilhões em 2018 (cerca de US$ 2 trilhões) e mercado consumidor estimado em 210 milhões de pessoas. Um rápido olhar sobre as estatísticas já mostra o enorme potencial do Brasil para os negócios com empresas e investidores internacionais. Mas o maior país da América Latina pode revelar surpresas ainda mais positivas para os interessados em conhecer seus detalhes.
Depois de passar por momentos de instabilidade política e econômica nos últimos anos, o Brasil vem retomando o caminho do crescimento, com estabilidade, sustentabilidade e uma agenda consistente de reformas estruturais, que permitirão consolidar ainda mais sua posição relevante no cenário global. Vários indicadores confirmam esse posicionamento. A estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a expansão do PIB brasileiro este ano é de 2,1%, após elevação de 1,1% em 2018.
O Investimento Direto Estrangeiro (IED) voltou a subir. Em 2018, ele totalizou US$ 59 bilhões, colocando o Brasil na 9ª posição entre os principais destinos desses recursos no mundo, de acordo com dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Já no primeiro quadrimestre de 2019, o IED atingiu a casa de US$ 28 bilhões, um aumento de 17,5% sobre igual período do ano passado, segundo as estatísticas do Banco Central do Brasil. A expectativa é que este ano feche com a entrada de US$ 90 bilhões em investimentos diretos.
Em 2018, as 311 empresas de capital aberto brasileiras listadas na bolsa de valores B3 registraram lucros totais de R$ 241,1 bilhões – montante 106,8% superior ao verificado no ano anterior, segundo a consultoria Economática. Negócios envolvendo companhias do país têm sido destaque na imprensa internacional – como a recente aquisição da Avon pela fabricante brasileira de cosméticos Natura, e a joint-venture entre Boeing e Embraer. No campo global, o País acaba de receber o apoio oficial do governo dos Estados Unidos para entrar na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Potencial interno
Os dados consolidam o Brasil como um importante player econômico mundial. Mas é relevante também entender seu gigantesco potencial interno. A variação climática e geográfica brasileira oferece oportunidades diferenciadas de geração de riqueza – por meio do agronegócio ou da extração mineral, por exemplo. A complexidade de sua economia favorece um diversificado setor industrial e de serviços. Além disso, diversas empresas de tecnologia têm desenvolvido soluções inovadoras no País, como as startups dos segmentos agrícola e financeiro.
Para acelerar o caminho do crescimento econômico, estão em andamento reformas nas regras atuais de previdência e de incidência de tributos, a fim de dar à iniciativa privada condições de ser mais competitiva. Outras mudanças se referem à necessidade de se executarem projetos estratégicos de infraestrutura, indispensáveis para um país de dimensões continentais – como a duplicação de rodovias, a expansão de instalações portuárias e aeroportos, a recuperação da rede ferroviária e a execução de obras de saneamento básico.
O momento atual abre diversas possibilidades para investidores externos – e o Canadá não é exceção. Um exemplo é o interesse do fundo Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), que já é sócio-controlador da operadora de energia Cesp. A eventual privatização de empresas deverá atrair ainda mais o interesse do capital canadense no Brasil.
O comércio exterior entre Brasil e Canadá também apresenta grande potencial de crescimento. Somando exportações e importações, em 2018 a corrente comercial brasileira registrou US$ 421,120 bilhões, equivalentes a 14,3% a mais que os US$ 368,5 bilhões contabilizados no ano anterior. Seus principais parceiros externos são Estados Unidos, China, Argentina e Europa – mercados tradicionais tanto para a compra quanto para a venda de bens e serviços. Nesse contexto, o Canadá desponta como um atraente mercado para produtos brasileiros e vice-versa. O estreitamento da relação comercial entre os dois países traz consigo os benefícios da diversificação de mercados e a complementaridade de produtos e serviços.