Conheça ponto a ponto o transporte da sua carga

A escolha correta da operação logística para levar a carga da origem ao destino pode significar o sucesso ou o fracasso da venda internacional

Por Sérgio Siscaro

Assim como nas fases anteriores do processo de exportação, o embarque dos produtos é uma etapa que exige bastante atenção das empresas. É necessário ter clareza sobre diversos fatores. A escolha do modal de transporte afetará o custo final da mercadoria em seu destino e a estratégia definida poderá impactar a condição em que produto chegará a seu público final (caso de bens perecíveis, como frutas, por exemplo). O exportador deve estar ciente de que uma operação de logística planejada de forma correta, e que leve em conta todas as variáveis, como custos e prazos, significa o sucesso ou o fracasso de sua operação. Por isso, vale repassar todas as possibilidades.

A princípio, o embarque de mercadorias pode ser feito por via rodoviária, ferroviária, fluvial, marítima ou aérea. No caso do Brasil, na prática, acabam sendo mais utilizadas as duas últimas opções – dadas as dificuldades ainda existentes para o transporte de cargas a países vizinhos por meio de rios ou ferrovias, e o alto custo do modal rodoviário. Geralmente a carga é acondicionada em contêineres.

Tempo x custo

“As taxas de frete são cobradas ou pelo peso ou pelo volume da mercadoria a ser embarcada. Se ela é muito volumosa, será mais econômico empregar o transporte marítimo – ainda que este demore mais para chegar a seu destino. Por via aérea, o custo seria mais caro”, explica o diretor-gerente da Mellohawk Logistics, Arnon Mello. Ele aponta ainda para a necessidade de a escolha do modal de transporte estar claramente de acordo com os objetivos do exportador. “Sempre que o produto for perecível, é necessária uma logística especializada. Pode-se utilizar a via aérea se o produto tiver uma vida útil curta. Mas, nesse caso, é preciso estar ciente de que a mercadoria chegará ao seu destino mais cara”, acrescenta.

O transporte marítimo é realizado por companhias de navegação, que oferecem serviços regulares em rotas pré-estabelecidas. Muitas vezes é necessário incluir um trecho por outro modal – para levar a mercadoria ao porto de saída, ou transportá-la do porto de chegada a seu destino final. Ao optar por um determinado serviço regular, o exportador já tem condições de saber se será necessário estender a operação de transporte por via rodoviária ou ferroviária, por exemplo. A remuneração do serviço é feita pelo pagamento do frete – calculado a partir de fatores diversos, como peso e volume, valor, distância a ser percorrida etc. – pelo embarcador ou seu representante à companhia de navegação.

O modal aéreo – oferecido por companhias aéreas que, assim como os armadores, dispõem de rotas regulares – apresenta condições similares, ainda que seja mais rápido e também mais caro do que o marítimo.

Intermediação

As negociações com os armadores (ou seja, os proprietários das companhias de navegação) são geralmente realizadas por agentes de carga, contratados pelo responsável pelo embarque e que acompanham de toda a operação. “Se uma empresa é de pequeno ou médio porte, eu não aconselharia ir diretamente ao armador. O ideal é usar um agente de carga, que vai negociar o preço com o armador, buscará estabelecer a melhor rota, e cuidará de toda a documentação para a saída das mercadorias do país. Ele monitorará todo o processo, até a carga chegar, e manterá uma comunicação constante com o exportador. O armador não faz nada disso. Ele apenas movimenta a mercadoria de um ponto a outro”, afirma Mello.

De acordo com ele, essa assessoria é importante para prevenir custos adicionais – como o de um contêiner armazenado por dias em um terminal em razão da falta de acompanhamento. Assim como no transporte marítimo, também no aéreo há a recomendação da contratação de um agente de carga, para apoiar a rápida liberação das mercadorias pelas autoridades aduaneiras.

Erros logísticos mais comuns:

  • Buscar fazer a operação sem dispor de um setor na empresa responsável pela parte documental, ou sem contar com a assessoria de um agente de cargas;
  • Desconhecer o circuito completo do transporte de suas mercadorias, ignorando fatores que podem afetar a competitividade do produto junto ao cliente final;
  • Não ter clareza a respeito da capacidade da operação em absorver todos os custos envolvidos no transporte – frete, seguro, armazenagem etc.

 

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